Este ano o Hotel Britania faz 75 anos!
Oct. 14 2019
Em 1944 era Hotel Império, hoje é Hotel Britania e comemora o seu 75º aniversário!
Projectado pelo arquitecto Cassiano Branco, a sua inauguração, em 13 de Outubro de 1944, enquanto Hotel do Império, foi amplamente noticiada pela imprensa.
Especial destaque foi dado à modernidade do edifício e ao facto dos quartos serem, na realidade, pequenos apartamentos, compostos por antecâmara, casa de banho privativa e quarto, contando alguns deles, com mais uma saleta.
Em jeito de comemoração do 75º aniversário, juntámos o nosso staff no passado domingo, para celebrar com os nossos clientes este percurso de vivências e preservação da história do Britania. Aqui viveu-se, qual clube que reunia figuras sonantes, e aqui se cruzaram personalidades com nomes reconhecidos da alta sociedade – nacionais e internacionais. Nestas mesas escreveram-se livros, poemas, canções. Terá sido cenário para grandes histórias de amor, de amizade e de momentos que fizeram parte da história recente.
Neste 75º aniversário, relembramos que respeitar o edifício e manter vivas as memórias deste hotel tão singular tem sido para nós um enorme prazer. Nelas reside, em parte, o seu fascínio, e foi essa a razão por que quisemos partilhá-las convosco, desejando que todos quantos nos procuram sintam que ficam, também, a fazer parte da história deste pequeno Grande hotel que a todos acolhe há 75 anos no coração de Lisboa.
Venha conhecer o Hotel Britania e perca-se nos pormenores!
A decoração
“A luz coada pelos cristais dos lindos e artísticos lustres (…) torna encantadoras estas pequenas «boîtes» de tonalidades diferentes” (Diário de Lisboa, 14 de Outubro de 1944).
Partindo de notícias e fotografias da época, retomou-se, 60 anos depois, a ideia da decoração inicial e as diferentes cores do cristal dos lustres foram o ponto de partida para criar três opções de cor que dão aos quartos ambientes completamente distintos.
Nesta decoração contemporânea, a grande mancha de cor do tecido que forra sempre uma das paredes dos quartos, remete, de forma subtil, para a decoração original anos 40.
Restauro do chão dos quartos
Nos quartos, retiraram-se as alcatifas e pôs-se a descoberto um pavimento em mosaico de cortiça, hoje difícil de encontrar.
Tal como há 60 anos, quando foi aplicada no Hotel do Império, a cortiça voltou a ser, nos nossos dias, sinónimo de segurança, conforto, saúde e bem-estar.
Realizado em 1944 pela prestigiada Fábrica Mundet, o mosaico de cortiça entra em diálogo com o mármore do chão dos corredores e das casas de banho, repetindo os mesmos motivos geométricos ao gosto art déco.
O restauro do pavimento foi executado manualmente de acordo com o desenho e a técnica originais.
O mobiliário
Ao mobiliário, realizado no início dos anos 40, propositadamente para o Hotel do Império, pelos Móveis Costa, do Porto, foram retirados todos os elementos apostos ao longo de várias décadas.
As camas, em mogno maciço, recuperaram a pureza das linhas originais e para as restantes peças do mobiliário foram desenhadas e executadas ferragens cromadas, dentro da linguagem original modernista/déco.
As vivências
Construído e inaugurado durante a II Guerra Mundial, sendo Portugal um país neutral, os clientes desse tempo eram maioritariamente diplomatas estrangeiros.
O Hotel do Império oferecia um serviço impecável e gozou de enorme prestígio ao longo de várias décadas, sendo frequentado pela alta sociedade, políticos e intelectuais.
Palco de grandes festas e acontecimentos de carácter social e mundano, de conspirações, excentricidades e escândalos, no Hotel do Império ficaram célebres os campeonatos de bridge e as ceias faustosas servidas nos terraços do hotel, onde se viam documentários da Guerra, se dançava e jogava clandestinamente à roleta até de madrugada.
Eram clientes e frequentadores, entre muitos, Manuel Fontes Pereira de Melo e sua mulher Rita, Tomás Ribas, Francisco de Sousa Tavares, Sofia de Mello Breyner, Conde da Covilhã, Conde da Lousã, ou o magnate Patiño. Também o actor Omar Shariff, amante do bridge, terá jogado no Hotel do Império.
Casada desde 1950 com Alfredo Machado, gerente do hotel, Natália Correia e os seus amigos eram presença assídua. A partir de 1953, o casal passou a residir no 5º andar do nr. 52 da mesma rua, que se celebrizou como centro de tertúlia literária mas também pelas não menos célebres ceias aí servidas, vindas do Império, do outro lado da rua. Anos mais tarde, e segundo testemunho de Dórdio Leal Guimarães, Natália Correia isolou-se no hotel para escrever a peça «O Encoberto», proibida na altura pela censura.
Cenário de conspirações políticas, o hotel assistiu a reuniões secretas com o General Humberto Delgado, onde estiveram presentes Natália Correia e muitos outros apoiantes, nos meses que antecederam as eleições de 58.
Mais recentemente, eram clientes habituais do bar do hotel os escritores e jornalistas Assis Pacheco, Cardoso Pires, Batista Bastos, Joaquim Letria e o actor Raul Solnado. O poeta brasileiro Vinícius de Moraes hospedou-se aqui quando veio a Portugal para participar no programa Zip Zip, assim como muitas outras personalidades públicas entre as quais Vera Lagoa e o Almirante Pinheiro de Azevedo após as eleições de 76.
O Hotel Britania integra os Hoteis Heritage Lisboa que reúne refúgios de charme localizadas no centro histórico de Lisboa, em antigas casas ou edifícios históricos. Propriedade de famílias portuguesas, que se uniram para criar ambientes intimistas, onde tudo é pensado para vincar a ligação à cidade de Lisboa, seu património e cultura.
São cinco as unidades dos Hoteis Heritage Lisboa: As Janelas Verdes, Heritage Avenida Liberdade Hotel, Hotel Britania, Hotel Lisboa Plaza e Solar Do Castelo.